Por que a Bíblia evangélica tem menos livros?

Você sabia que a Bíblia evangélica tem menos livros se comparada com a versão usada pelos católicos?

Para muitos cristãos, todas as bíblias são iguais, mas há uma diferença entre elas e nós vamos te ensinar o por quê.

Essa informação é relevante para que você perceba o quanto as religiões, ainda que cristãs, possuem ensinamentos tão distintos.

E uma das principais diferenças está exatamente no compilado de livros que formam a Bíblia Sagrada.

Enquanto a Bíblia protestante tem 66 livros, sendo 39 deles no Antigo Testamento e 27 no Novo; a Bíblia católica tem sete livros a mais no Antigo Testamento.

Quer entender o motivo dessa diferença? Quer saber quais são esses livros? Então continue lendo este artigo.

Quais são os sete livros a mais da Bíblia católica?

Chamados de livros apócrifos (ou deuterocanônicos), os sete livros que a Bíblia Católica possui são:

1. Tobias
2. Judite
3. I Macabeus
4. II Macabeus
5. Baruque
6. Sabedoria
7. Eclesiástico

Esses livros, em sua maioria, são datados dos últimos séculos a. C. e não faziam parte da Bíblia hebraica usada pelos judeus da Palestina.

Porém, esses livros foram incorporados à tradução da Bíblia em latim e se tornaram populares durante a Idade Média.

Acontece que, em 1846 o  Concílio de Trento (um evento ecumênico da Igreja Católica) decretou que eles não reconheciam os livros apócrifos que faziam parte da Vulgata Latina.

No entendimento dos religiosos daquele concílio, os livros não poderiam ser reconhecidos como genuinamente “sagrados e canônicos”  e, portanto, deveriam ser anatemizados, isso é, reprovados.

Os protestantes também seguem essa linha teológica e, mesmo reconhecendo o valor desses sete livros, não os consideram como livros inspirados por Deus.

Motivos para os livros não serem reconhecidos

Para chegar nesta conclusão, os teólogos fizeram uma série de análises nos textos e entenderam que:

• Os livros apócrifos não faziam parte do cânon hebraico do Antigo Testamento;
• Os livros apócrifos não foram citados por Cristo ou seus apóstolos no Novo Testamento;
• Eles apresentam ensinamentos contrários ao restante da Bíblia.

Um exemplo desses ensinamentos contrários é a referência à existência do purgatório como está escrito em Sabedoria 3:1-9, que contraria o que diz o Salmo 6:5 e Eclesiastes 9:5-10.

Outro exemplo desses ensinamentos não reconhecidos é o que lemos em II Macabeus 12:42-46 que indica oração pelos mortos. O texto, porém, é contrário ao que diz Isaías 38:18 e 19.

Há muitos outros versículos dos livros apócrifos que não são compatíveis com os livros da Bíblia Sagrada.

Versículos extras

A Bíblia evangélica tem menos livros e também rejeita alguns versículos e capítulos extras que a Bíblia da Igreja Católica possui.

Na Bíblia protestante o livro de Ester tem apenas 10 capítulos. O 10º possui apenas três versículos.

Na Bíblia católica, o livro de Ester tem 16 capítulos, e o 10º possui 13 versículos.

O mesmo acontece com o livro de Daniel. Na versão protestante, temos 12 capítulos. Na católica são 14.

O capítulo 10 do livro de Daniel tem 21 versículos na bíblia evangélica, na católica são 22 versículos.

São diferenças significativas, mas que não modificam a história dos personagens centrais.

Ester, por exemplo, é introduzido outros personagens e acontecimentos ligados ao governo de Nabucodonosor.

Questões históricas sobre a questão dos livros apócrifos

Você sabia que a Bíblia evangélica tem menos livros por razões teológicas? Isso mesmo, por muitos e muitos anos esse assunto foi discutido por teólogos de vários credos.

Vários estudiosos das Sagradas Escrituras se envolveram com esta questão para encontrar a melhor solução.

Para chegar na coleção de livros que conhecemos atualmente, todos os manuscritos foram analisados e traduzidos.

O que nos faz te lembrar que toda a Bíblia tem origem no Livro Sagrado escrito em hebraico e aramaico.

Sendo que este segundo idioma é relacionado ao Novo Testamento, pois era a língua falada em Israel nos tempos de Jesus.

O hebraico é a língua oficial dos hebreus, povo descendente de Abraão, que recebeu a promessa de que seria pai de uma grande nação.

Se você conhece a história de Abraão, Isaque e Jacó sabe que os hebreus foram para o Egito fugindo da fome com apoio de José, que era governador daquele país.

Ao longo dos anos no Egito, os israelenses se esqueceram do hebraico e seria nesses tempos que os livros apócrifos teriam sido escritos.

Sem se lembrar da língua-mãe, os hebreus exilados teriam escrito esses livros em grego.

E foi por não estarem na língua oficial dos hebreus, os novos livros foram rejeitados pelos estudiosos.

Eles não poderiam ser aceitos por não serem inspirados pelo próprio Deus, que conduzia seu povo e dava instruções aos hebreus.

Por que Lutero escolheu só 66 livros?

Quando Martinho Lutero foi traduzir a Bíblia para o alemão, ele só considerou os livros escritos em hebraico.

Sendo assim, os sete livros da Igreja Católica foram deixados de lado.

Em consideração, Lutero manteve uma apêndice com esses livros escritos em gregos, mas com o passar do tempo, esse apêndice foi eliminado das edições bíblicas protestantes.

Por isso, a Bíblia evangélica tem menos livros que a católica, uma decisão teológica que já dura séculos.

Dessa forma, podemos dizer que a Bíblia usada pelos protestantes tem 66 livros que foram escritos por 40 autores.

A saber, os livros apócrifos foram escritos por autores desconhecidos. Os que são identificados foram:

• Ellaquim, que escreveu o livro de Judite;
• Josefo, que escreveu partes de Macabeus;
• Salomão, que teria escrito o livro Sabedoria;
• Ben Sira, autor de Eclesiástico;
• Baruch ben Neriah, autor de Baruque.

Já os livros de Tobias e parte de Macabeus não têm autores conhecidos.

Diz também que I Macabeus foi escrito por um judeu devoto da Terra Santa e o segundo livro foi escrito por alguém desconhecido usando escritos de Jasão de Cirene.

Quer saber mais sobre a Palavra de Deus? Agora você já sabe que a Bíblia evangélica tem menos livros, mas há muito mais para você saber sobre ela.

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